20.8.09

o escafandro e a borboleta

ela pensou sobre o amor.
seria posível? no lugar só haviam palavras.
ela mesma falava palavras fechadas, dobradas sobre seu tempo.
era assim que sua audácia a fazia sentir.
cada palavra sua vinha tão carregada de sentido, e ao mesmo tempo era tão hermética, sem a intenção de ser compreendida.
no meio de uma sociedade bestial, da fome, miséria democrática, crises, desastres naturais e todo tipo de indignidade, tudo que importava era encontrar pares de olhos que respirassem toda liberdade que alguém pudesse ter e sentir o aconchego do calor que emana outro corpo.
não sente mais tristeza pela solidão,continua muito emotiva e chora ao ler palavras escritas por um amor que bem poderia ser seu.
há tantas coisas que ela não sabe. sua alegria é intensa por ainda existir muito que descobrir nesse vasto mundo.
depois do choro, sorri e respira profundamente sentindo-se borboleta.
decide então aumentar a profundidade do mergulho.
o que falta em ar se transforma em vastidão de tanto mar.
voa enfim...

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