29.6.10

leviana

naquele dia,
ela deixara de ser...

a um passo de meu próprio espírito/ a um passo impossível da deusa/atenta ao real: aqui./aqui aconteço

uma parede em branco

me aproximei da parede.
toquei. deslizei as duas mãos.
repousei o rosto. fechei os olhos.
abracei a parede. me entreguei a perceber sua textura branca.
desenhei mentalmente com o movimento das mãos, o início de uma mandala.
abracei a parede. me entreguei a perceber sua textura branca.
movimentei o rosto em carícia.
senti as possibilidades de um outro toque.
mexi o tronco. esfreguei os seios.
mexi o quadril. esfreguei o sexo.
não mexi as pernas. estava centrada.
na parede me abraçava.

quebrando a louça

vezes sem fim (para!)
algumas vezes (melhor assim!)...
é, por vezes, se pega memorando olhares.
os olhares intimos e culplices que trocam.
são beijos, abraços, carícias... promessas que se cumprem.
nada de gestos fortes. nada de sempre.
nada do que já foi anteriormente experimentado.
tudo calma, confiança, distância e encontro.


" gosto quando olho prá voce/ gosto muito mais quando seu olho vem/ na direção do meu/na direção do meu/ gosto ainda mais quando esquecemos/ onde estamos/ e olhando em volta escolhemos/ a mesma coisa prá olhar/ gosto quando olho com você o mundo/ e gosto mais do mundo quando posso olhar para ele com voce"...

28.6.10

sede

I
beber a hora
beber a água
embriagar-se
com água apenas.

II
água? é só isso
que purifica.

III

fonte maior
e não oculta
fonte sem narciso
nem flores.

IV

bendita a sede
por arrancar nossos olhos
da pedra.

bendita a sede
por ensinar-nos a pureza
da água.

bendita a sede por congregar-nos em torno
da fonte.



" traga-me um copo d'água tenho sede/ e essa sede pode me matar/minha garganta pede um pouco dágua/ e os meus olhos/pedem teu olhar..."


entusiasmo

ou harmonia entre a consciência e a existência

  1. a sacerdotiza
  2. a temperança
  3. a estrela
  4. o mago
  5. o mundo
  6. a imperatriz
  7. os enamorados
  8. o louco
  9. a roda da fortuna
  10. a carruagem
  11. a justiça
  12. o sol

guarda-roupas

quero expor seu conteúdo.


abrir os segredos do apego.
roupa boa é para ser guardada.
roupa boa é para ser usada.
vida boa é em segurança.
vida boa é prá ser arriscada...

27.6.10

conto de fodas

a vida assim-assada.
o tempo água.
nada forte para beber, só o próprio sangue.
uma boneca no colo enquanto escreve dá o tom de irrealidade da vida.
toma um gole grande do vermelho rio de si.
não chora. não ri. não pensa. não sente.
conto de merda, de merda.
fantasia franca.
desejo.
não tinha idéias. não tinha ilusões. um silêncio povoado de sons.
o barulinho de sons em baixa vibração, zuniam constantes em sua audição.
respirava.

marte

o coração bate.
os pés...
seguem a pulsação.



23.6.10

sabor de melância

 tive a sensação de um gozo novo
que me envolveu em mim mesma...
tive arrepios...
derramou-se em mim não sei que balsamo interior...



20.6.10

o caminho do ritual no curso do rio

de ontem

sem palavras, vão se entendendo...

música nos muros

dos tempos de sujeitada,
mais nada.
sujeita, toda, essa moça
conhecia o sentido do dia.
o azul do céu,
era o azul do céu
sendo azul do céu em potência.
todas as cores do dia se eram.
tudo assim, percepção.

18.6.10

luz e mistério

o presente
está nos levando além...


Oh! Meu grande bem/Pudesse eu ver a estrada/Pudesse eu ter/A rota certa que levasse até/Dentro de ti/Oh! meu grande bem/Só vejo pistas falsas/É sempre assim/Cada picada aberta me tem mais/Fechado em mim /És um luar/Ao mesmo tempo luz e mistério/Como encontrar/A chave desse teu riso sério /Doçura de luz/Amargo e sombra escura/Procuro em vão/Banhar-me em ti/E poder decifrar teu coração /És um luar/Ao mesmo tempo luz e mistério/Como encontrar/A chave desse teu riso sério/Oh grande mistério, meu bem, doce luz/Abrir as portas desse império teu/E ser feliz.

sono


adoro dormir depois dele
adoro acordar mais cedo.
seu sono me acalma.
sua respiração
me inspira.
tão profunda...
quando me concentro bastante
vejo de relance seus sonhos.
menino lindo que dorme e acorda.
menino lindo que me despertou de um sono profundo...
te amo, meu amor.



caio fernando de abreu

quedei ao seu encontro...
muito prazer!

15.6.10

silêncio visual

na palavra escrita
vejo as imagens
do que não foi dito.
bendito hiato-maldito buraco
do que falta e do que sobra
na linguagem.

a tempestade

existe algo na vida
que me consome
tanto quanto
me inflama.

mágoas passadas
criam nuvens pesadas.
chovo tanto que as afogo.

dia desses 
se aproxima um anjo de mim.
diz amém
e essa tristeza
que vem com o frio
e com a chuva
tem fim.

"é complicado estar só/ quem está sozinho que o diga/ quando a tristeza é sempre um ponto de partida/ quando tudo é solidão/ é preciso acreditar num novo dia..."

despassito

não sinto mais nada.
e ainda sinto tudo.

we fuck alone

surreal...

11.6.10

chacra

entregue ao sol
entre arvores,
no meio do caminho.
cerrou os olhos e
abriu um dos três.
ficou tudo ambar.

alimento

transformar em comida
minha fome.
segredando ao fogo
o que me arde.

cardamomo

parece um bago de trigo,
ou grão de arroz graudo com casca.
quando abre tem cheiro do gosto de gengibre.
as sementinhas irregulares se agrupam e parecem uma coisa feia.
a surpresa mesmo é o sabor suave mesmo refrescante e ardido.
contrasenso?
experimente.

de uma sodade

escadas do infinito
sobre
mar profundo  de
azul noite cobato.
estrelas, brilho dos teus olhos.
teus olhos diamante bruto
insistem brilhar intenso.

bizarro

um homem vestido de coelho, comendo uma boneca inflável...
uma mulher sendo comida por uma cenoura.

ambivalência

quando ele se dava como fêmea,
ela o possuia como macho.

chama

o fogo
é um elo
entre o vermelho,
o azul
e o amarelo.


8.6.10

sol



a visão do Dia
iluminou o silêncio
do meu coração.

1.6.10

abrigo amoroso

sua casa tem cores, como ela amores.
quase todas as paredes são brancas.
branco impuro.
portas e janelas
numa distribuição irregular de cores.
porta da sala amarela angola
janela da sala vermelho reluzente
porta da cozinha amarelo angola
janela da cozinha amarelinho luz
porta da biblioteca branca
janela da biblioteca branca
porta do quarto dele azul céu gostoso
janela do quarto dele azul céu gostoso
porta do quarto dela lilás espiritual
janela do quarto dela lilás espiritual
(no vão do meio da janela, se movimenta uma mandala amarela luz do sol, feita em crochê por ela)
porta do banheiro verde pureza
janela do banheiro verde pureza
regularidades nas combinações.
nas paredes, desenhos e alguns poucos quadros.
lembretes.
a casa dela é como o grande amor.
um abrigo.


esperança viva que o sangue amansa/vem lá do espaço aberto/e faz do nosso braço/um abrigo/que possa guardar/a vitória do sentimento claro/vencendo todo o medo/mãos dadas pela rua/num destino de luz e amor/vem agora quase não há mais tempo/vem com teu passo firme/e rosto de criança/a maldade já vimos de mais/olha/sempre poderemos viver/em paz/em tempo/tento a fazer pelo nosso bem/iremos passar/mas não podemos nunca esquecer de mais álguem/que vem/simples inocentes a nos julgar/perdidos/as iluminadas crianças/herdeiras do chão/solo sagrado/não as ruínas de um caos/diamantes e cristais/não valem tal poder/contos de luar ou a história dos homens/lua vaga vem brincar/e manda teus sinais/que será de nós/se estivermos cançados/da verdade/do amor/esperaça viva/que a mão alcança/vem com teu passo firme/e rosto de criança/a maldade já vimos de mais.

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