16.9.09

transformação social

Estou convencida que a transformação social e mesmo a construção de valores éticos permanentes se dá a partir de pertencimento. A família deveria cumprir um papel fundamental na mediação necessária para que o indivíduo possa se localizar nessa coletividade com total consciência de seu poder de agente transformador, conhecendo seus deveres e acessando plenamente seus direitos básicos.
A família (e quando digo família, não falo da convencional apenas, falo de pessoas que perpetuam a existência humana através da maternidade e da paternidade biológica ou assumida) deveria agir na criação e oferta de condições propícias ao desenvolvimento dos talentos de seus membros.


"O psicanalista Hélio Pellegrino traduziu bem a relação da formação do indivíduo como agente coletivo, apontando a estreita ligação entre o pacto social e o pacto edípico e, assim, revelando como o estado reproduz, em sua escala, a estrutura da família. No pacto edípico, que trata da tensão entre pai e filho, o pai é a norma, o limite, a lei, o contrato. Em contrapartida, é ele quem introduz o filho na vida social, que lhe dá segurança, afeto, amor. O pai exerce o papel de pedagogo da convivência social. Não só provê, dá segurança material como também a segurança afetiva que permite ao filho enfrentar os desafios dessa convivência. Em paralelo, afirma Pellegrino, o Estado exerce o mesmo papel na dimensão ampliada. O Estado regula. Com a lei, cerceia nosso lado mais sombrio. Ao mesmo tempo, o Estado também possibilita o convívio social em bases racionais, éticas, dignas. Ele deve possibilitar que seus cidadãos desfrutem da vida, da cultura, do lazer ao assegurar os direitos básicos para alimentação da família, o direito à assistência social em caso de desemprego ou sub-emprego. Tem de assegurar o direito ao trabalho, educação, saúde, segurança. Manter a base de formação de nossa cidadania significa dar estrutura para nossa referência primeira, nosso espaço de formação primeiro que é justamente o espaço familiar."


No livro “Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra”, do moçambicano Mia Couto, o narrador faz o seguinte comentário sobre seu lugarejo: “Em Luar-do-Chão, nem há palavra para dizer ‘pobre’. Diz-se ‘órfão’. Essa é a verdadeira miséria: não ter parente”. Penso que a falta de parentes é o grau último da miséria. É quando já perdemos tudo, inclusive nossas referências e o braço que nos ampara e dá forças para enxergar as alternativas e seguir em frente".

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