1.12.10

sobre a tristeza

basta algumas perguntas fortes.
uma pequena dose de abandono.
e ela toma conta de tudo.


"como contar o que não pode ser contado? como preservar a incompreensibilidade do que é incompreensível? como evitar a traição do evento pela compreensão? e a traição de si? será´possivel escrever num modo não simbólico? será possível repetir com palavras uma forma de conhecimento perpetuamente adiado? será possível casar, afinal, o imaginário e o real? quem é capaz de ser testemunha de si? como evitar a sedução da narrativa? como escapar do que é bonito? como deslocar o domínio da escrita para além do artesanato e da dominação? como escrever tudo isso com palavras? como chegar a esse conhecimento do que não se deixa apreender pelo pensamento, nem pela memória, nem pela fala? quais são os limites da representação? quando o que está em jogo não é só uma questão de técnica, mas de escrúpulos? como fazer coincidir a narrativa e o pensamento? quais são os limites da metáfora? será possível reter a primeira impressão como a primeira impressão? será possível estar presente à nossa própria vida? como combater o sentimento de não sentir mais nada? como traduzir tudo isso em palavras? como traduzir?"

2 comentários:

ed disse...

apropriei as letrinhas miúdas. presentes de perguntas instigantes... obrigada ni-furulim...

Abiodun Akinwole disse...

Caiu-me como uma luva.

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