23.12.10

de que vale o céu azul

para azular o mar de lágrimas que tenho nos meus olhos de alegria triste.

eu não acho mais graça

eu juro que nem dou bola para as vozes.
mas elas continuam falando.

como um zunido na minha orelha... ou qualquer coisa pentelha, sobre as vidas alheias e como elas são feias...

necessidade

o conforto do teu corpo.

16.12.10

fogo

aqui dentro um vulcão.
ardo.

terra

em terreno fértil
enraizo.
cresço.
floreço.
frutifico.

15.12.10

água

aqui dentro um pranto me inunda.
me afogo.

14.12.10

a boba

que poderia fazer se era bocó de mola!?

arquiteta

o vício é construir a narrativa da história

coisa estranha

deitada num quarto escuro.
ela e a luz da tela em branco.
na mente do corpo são.

de como dizer do indizível

como dizer:
sinto muito tudo.

sobre a imaginação

sempre vivi em liberdade
mas o que sempre quis foi
prisão perpétua.

13.12.10

forças de aprumo

achei bachelard bem humorado...
" decidimos portanto começar pelas imagens da dureza. aliás, se fosse preciso dizer tudo sobre uma escolha bem assente entre as imagens de mole e duro, faríamos muitas confidências sobre a nossa vida íntima" ahá.
"a terceira parte do primeiro livro comporta apenas um capítulo. nele tratamos de uma psicologia da gravidade. é um problema que deve ser tratado duas vezes: uma primeira vez, em psicologia aérea, como tema de vôo, uma segunda vez, em psicologia terrestre, como tema de queda." ahá.

estou apaixonada!

revisitando clarice

composta por urgências ingênuas,
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
entupia-me de ausências,
me esvaziava de execessos.
eu não caibo só no estreito, nem só vivo nos extremos.
eu caminho equilibrada em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura.
o que tenho de mais obscuro é o que me ilumina,
e minha lucidez
é que é perigosa.

sobre a diversão

a vida é assim um exercício de paciência atenta.
há que se responder sempre as mesmas perguntas sem resposta.
há que se divertir no paradoxo da situação.
paciência é diversão.

escatológica

no meio de tanta merda que escrevo.
vez por outra até que sai a bosta de um poema.


merda é ouro.cagam reis e cagam fadas.não há merda nenhuma no mundo que valha a bosta da pessoa amada.

confissão

já escrevi só um cadinho da minha vida.
o mais é tudi invenção.
gosto de prozear.
só isso!
uai.

sobre a palavra

o menino grita:
 FORÇA!
a mãe se concentra na imagem
da cena.

exagerada

em poema
declaro
minha condição de
casada.
o amo-lhe.

"isso é um excesso de maravilhabilidade. palavras do esteta"

10.12.10

escrever sem esperança

a ingenua pensava que não era presunção, compartilhar sabedoria.
se sabedoria é experiência, se compartilha?

1.12.10

sobre a tristeza

basta algumas perguntas fortes.
uma pequena dose de abandono.
e ela toma conta de tudo.


"como contar o que não pode ser contado? como preservar a incompreensibilidade do que é incompreensível? como evitar a traição do evento pela compreensão? e a traição de si? será´possivel escrever num modo não simbólico? será possível repetir com palavras uma forma de conhecimento perpetuamente adiado? será possível casar, afinal, o imaginário e o real? quem é capaz de ser testemunha de si? como evitar a sedução da narrativa? como escapar do que é bonito? como deslocar o domínio da escrita para além do artesanato e da dominação? como escrever tudo isso com palavras? como chegar a esse conhecimento do que não se deixa apreender pelo pensamento, nem pela memória, nem pela fala? quais são os limites da representação? quando o que está em jogo não é só uma questão de técnica, mas de escrúpulos? como fazer coincidir a narrativa e o pensamento? quais são os limites da metáfora? será possível reter a primeira impressão como a primeira impressão? será possível estar presente à nossa própria vida? como combater o sentimento de não sentir mais nada? como traduzir tudo isso em palavras? como traduzir?"

enjoy the silence

"no hay banda"

sinto pulsão de palavrear.
há momentos que escrevo cartas para uma amiga distante.
noutros, converso com algum amigo de perto.
até para o esposo, já escrevi.
só discurso .
 por vezes, alguma palavra escapa na forma de poema.
no mais, nada de concreto atesta que palavreei.
 no mais,silêncio absoluto.
amo.


a curadora

encontrei pela primeira vez
uma crítica de arte
afetiva no discurso da ação.
encontrei mais uma parte do espelho
da arte.

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